Despertar Digital: Desvencilhando-se das Cadeias da Procrastinação Criativa

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Um artigo de Walmir Silva, autor de Além do Código.

A obscura faceta de cada mentiroso em sua própria existência. É frequentemente fácil nos flagrarmos a nós mesmos na teia de mentiras que tecemos, seja para tentar nos persuadir de que somos mais notáveis do que realmente somos, ou quando nos enganamos, almejando que tal engodo se materialize um dia. Essas falácias podem nos inflar além de nossa estatura real, ou, no extremo oposto, diminuir a força vital que reside em nosso íntimo, desejando transmutar nosso imenso potencial, que, aos olhos de muitos, pode suscitar uma espécie de inveja. Ao nos minimizarmos, sob o pretexto de cultivar a humildade, estamos, na verdade, minando nossas almas com depreciações vazias. Tal comportamento é comumente referenciado como a síndrome do impostor. O que Steven Pressfield, com sua aguçada percepção das batalhas internas que enfrentamos, diria sobre esses dilemas?

Pressfield, autor de “A Guerra da Arte”, poderia argumentar que essa autoenganção é uma forma de resistência que nos impede de alcançar nosso verdadeiro potencial e de oferecer nossos dons únicos ao mundo. A mentira, nesse sentido, é um véu que nos separa da autenticidade e do trabalho significativo que somos chamados a realizar. Quando nos desvencilhamos da honestidade e nos perdemos nas narrativas fictícias que criamos sobre nós mesmos, deixamos de enfrentar a resistência e nos render ao chamado de nossa alma.

A síndrome do impostor, como Pressfield poderia elucidar, é um reflexo da resistência, uma manifestação do medo que temos de enfrentar nossa grandeza inerente e de assumir a responsabilidade que vem com ela. Ao nos rebaixarmos e ao nos enganarmos sobre nosso valor e capacidades, evitamos o confronto com a obra que somos destinados a criar, fugindo assim da batalha mais significativa que é a luta contra a resistência interior.

A sabedoria de Pressfield poderia nos convidar a confrontar essas mentiras, a desmantelar a síndrome do impostor, e a abraçar a verdade de nosso ser autêntico. Só assim, poderíamos transcender as ilusões que nos mantêm acorrentados e avançar corajosamente em direção ao trabalho que nos é destinado, desbloqueando o vasto potencial que reside dentro de nós, aguardando ser liberado.

Ao desafiar as mentiras que contamos a nós mesmos e ao buscar a autenticidade, poderíamos, conforme Pressfield sugere, derrotar a resistência e entrar no campo de batalha da criação, armados com a coragem e a integridade necessárias para trazer à luz as obras singulares que somente nós podemos manifestar.

Ah, a revolução interna, o confronto final com a consciência que não mais se permite ser obscurecida por veleidades inúteis. Entendi, minha consciência, sua mensagem é clara como o cristal! Vou cessar esta maratona insana de adquirir incontáveis cursos da “IUDMI” que, no fim das contas, não passam de uma pilha de certificados inacabados e conhecimentos pela metade, se é que posso chamar isso de conhecimento. Apenas fragmentos de informação que mal consigo juntar para formar uma ideia coesa.

Reconheço, passo horas a fio diante das telas, engolfado em videoaulas no “IUTUBE”, uma jornada que começa com o mais nobre dos intentos e termina com nada além de uma série de abas abertas e uma mente zumbi. Ah, a sedução do autoplay, que me carrega suavemente de um tutorial a outro, enquanto minha vontade de aplicar o aprendizado se esvai como fumaça.

E o que faço com esses fragmentos de sabedoria digital? Copio e colo pedaços de códigos em meus projetos, criando monstruosidades que fariam o próprio Dr. Frankenstein se encolher em horror. Meus repositórios se tornaram catacumbas de códigos alheios, um emaranhado de linhas e funções que mais se assemelham a um Frankenstein digital, onde cada pedaço de código é costurado com a delicadeza de um açougueiro.

Meus projetos, oh, meus projetos! Eles se tornaram um espelho da minha própria desordem interna, uma tapeçaria caótica de aspirações não realizadas e esforços desviados. Cada linha de código copiada, um reflexo de uma oportunidade perdida de aprendizado genuíno, cada projeto inacabado, um monumento à procrastinação que se tornou meu modus operandi. E para que todo esse acúmulo de códigos desorganizados? Para, no fim das contas, não ter nada de substancial a mostrar, apenas um emaranhado de ideias não realizadas e códigos orfãos clamando por um propósito.

Ah, como a “IUDMI” e o “IUTUBE” se tornaram meus fiéis companheiros na jornada de evasão da realidade! Promessas de maestria em desenvolvimento, vendidas em módulos bem embalados de fácil digestão, mas que, na prática, transformaram-se em nada mais que pedaços de código descontextualizado, perdidos no vácuo do meu repositório digital.

Chegou a hora de romper esse ciclo vicioso de consumo vazio e procrastinação criativa. A voz da consciência ressoa forte, um clamor por ação, por um engajamento autêntico com o processo de aprendizagem. É hora de deixar de lado a busca incessante por mais conteúdo, mais cursos, mais… e mergulhar profundamente, na prática, na aplicação real do conhecimento.

Não mais serei o arquiteto de castelos de código frágeis, construídos sobre as areias movediças da ignorância. Hoje, escolho enfrentar a realidade da minha inação, arregaçar as mangas, e mergulhar na prática consciente e deliberada. Afinal, é na ação, na experiência direta, que reside a verdadeira aprendizagem, o crescimento real. E, quem sabe, no caminho, eu possa finalmente criar algo que seja verdadeiramente meu, uma expressão autêntica da minha compreensão e habilidade.

Ah, consciência, sua voz penetrante rompeu finalmente a barreira da negação. Agora, com uma visão clara do caminho a seguir, avanço com determinação renovada, pronto para enfrentar os desafios da criação genuína, da aprendizagem autêntica. Adeus, “IUDMI”, adeus, maratonas de “IUTUBE” sem fim… Olá, mundo real de codificação, de problemas a serem resolvidos, de habilidades a serem honradas e aprimoradas. O caminho pode ser longo e árduo, mas é um caminho que vale a pena ser trilhado.


Confira mais discussões e reflexões na secção Brisas Filosóficas.


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